O pastor Silas Malafaia concedeu uma entrevista sobre o cenário político atual, em que uma evangélica membro da Assembleia de Deus desponta como a provável vencedora das eleições presidenciais.
À revista Época, Malafaia afirmou que a morte de Eduardo Campos desorganizou o projeto de candidatura de Everaldo Pereira (PSC), que ele e outros pastores apoiaram, e alçou Marina Silva a um patamar inédito.
“Quando Everaldo lançou sua candidatura, marcou 4% nas pesquisas eleitorais. Pensávamos que, se os líderes evangélicos se engajassem na campanha, Everaldo chegaria a 10% e teríamos uma agenda no segundo turno. A lamentável morte de Eduardo Campos mudou o panorama. Marina também é evangélica e tem um histórico político no Brasil. Everaldo, não. O trator da Marina passou por tudo. Passou por Everaldo, Aécio e Dilma. Everaldo sofreu mais com isso, por causa do voto evangélico”, analisou o pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo.
Recentemente, Malafaia foi apontado pela mídia como o principal responsável pela alteração feita por Marina Silva em seu programa de governo no capítulo que trata das propostas ao movimento LGBT, pois à época do lançamento das propostas, ele usou o Twitter para protestar contra o texto. O pastor, no entanto, se recusa a ser o protagonista do episódio.
“Claro que não. Entender isso é simples. Nem Marina, nem Dilma Rousseff, nem Aécio Neves leram seus programas de governo. Entregam o texto a equipes especializadas. O programa de Marina tinha dois erros graves. A turma do LGBT (Lésbicas, Gays, Bi e Transgêneros), intransigente e exagerada, ressuscitou o Projeto de Lei 122, já derrotado no Senado. Em relação ao ativismo gay, o programa de Marina é mais avançado que o de Dilma, levando em conta que o governo do PT tem financiado a causa gay. Estão reclamando de quê? Meus tuítes só acenderam a lâmpada na equipe da Marina para mudar o que estava escrito. Mesmo assim, não me agradou em tudo. Tem muitos pontos lá contrários à ideologia cristã”, ponderou Malafaia.
Dentro deste cenário ilustrado, o pastor afirmou que seu apoio a Marina no segundo turno se deve também às propostas feitas por ela em outras áreas. Malafaia afirmou que há compromissos assumidos pela ex-senadora que trazem muito mais benefícios do que as propostas de que ele discorda.
“Tem coisa que o candidato promete e não dá para fugir. Marina disse uma coisa como isso: ‘Se for eleita presidente, não disputarei a reeleição porque não quero estar no poder pensando na continuidade do poder. Quero estar no Planalto para deixar um legado para as próximas gerações’. Quando ouvi isso, pensei: essa serva está fazendo uma colocação extraordinária. É uma declaração mais importante que a sobre o casamento gay. Marina não é candidata dos evangélicos, é candidata do povo brasileiro, que está de paciência esgotada com o PT e a corrupção deslavada. Ela interpreta essa mudança. Não me venham com ‘evangeliquês’ nem tentem colocar nela a pecha de fanática, porque Marina contraria muita coisa que pastor evangélico pensa”, admitiu.
Na sequência, questionado sobre temas que devem ou não fazer parte do debate eleitoral, Malafaia fez referência a uma tese filosófica para explicar que seu pensamento não é puramente guiado por suas convicções, mas também fruto de reflexões propostas por grandes pensadores.
“Um dos maiores filósofos da atualidade, Michael Sandel, um doutor em Harvard que já deu entrevista para Época, diz que a moral, os princípios e as questões da fé são fundamentais no debate político. Atenção: não é pastor que está falando isso, não. É um dos maiores pensadores do nosso tempo. Esta eleição tem de ser moral”, afirmou o pastor, aproveitando para lançar uma interrogação sobre o envolvimento de Dilma e Lula nos maiores casos recentes de corrupção: “[Na eleição] não vale tratar do maior escândalo de roubalheira da história do Brasil, o mensalão? E a roubalheira na Petrobras? A corrupção é um câncer na sociedade. A discussão tem de ser moral mesmo. Por que Dilma e Lula nunca condenaram os mensaleiros, que estão na prisão? Estão com medo de eles abrirem a boca e os colocarem na roda?”, questionou.
Silas Malafaia ainda destacou que o governo petista alcançou acertos em questões pontuais, pois soube aproveitar o legado deixado por seus antecessores: “Dizer que o PT só errou seria incoerência e imbecilidade. O PT acertou na ampliação dos programas sociais. Mas o que seria do investimento social do PT se não houvesse a estabilidade econômica? Podem chorar à vontade, mas esse foi ou não um mérito de Fernando Henrique Cardoso e Itamar Franco? A alternância de poder é fundamental para o fortalecimento da democracia. O PT precisa perder a eleição para o bem do Brasil”, cravou.
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O pastor frisou ainda que os fiéis evangélicos formam um grupo social heterogêneo: “Os evangélicos não têm unanimidade em pensamento político. Cada um é livre para fazer suas escolhas. Por isso, sempre fui contra a criação de um partido evangélico. Baixo o bambu quando alguém vem com essa ideia. Temos de estar em tudo que é partido. Mas não tenho dúvidas: Marina levará de 80% a 90% do voto evangélico. A candidatura dela, o acirramento da propaganda e as redes sociais mudaram tudo. O evangélico tem interação social, porque vai à igreja pelo menos uma vez por semana. Ninguém usa as redes sociais como os evangélicos, e somos entre 25% e 27% da população. Somem a nós os católicos praticantes, também uns 25% a 27% e que, em muitos pontos, pensam igual. Já deu a maioria da população”.
Na conclusão da entrevista, Malafaia resumiu aquilo que acredita ser o ideal para o país: “Casamento entre homem e mulher, proibição do aborto, liberdade de religião e imprensa livre, mesmo falando mal de nós. Não queremos impor ideologia. Queremos que o Brasil seja democrático, cresça, crie emprego e prospere para todos”.
Fonte: Gospel +
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