sexta-feira, 27 de março de 2015

Caçadores de pecado nas igrejas



Eles estão por toda a parte, em todas as igrejas. Seus métodos são implacáveis; suas sentenças, devastadoras. Seus olhos, sempre despertos, são capazes de enxergar o mais variado tipo de pecado. Nada escapa aos seus olhares detetivescos. Por se acharem demasiadamente santos, consideram-se espécies de “agentes divinos”.

Tais quais os inquisidores da Idade Média, deleitam-se quando apanham suas vítimas “com a mão na botija”, ou seja, pecando. Para tais “investigadores”, o pecado pode ser sintetizado num único ponto: discordância das “verdades” por eles seguidas. Fazem uso constante do chamado “mundanismo” como pretexto para criticarem os que não pensam como eles. Todos os seus esforços têm como objetivo o aniquilamento do “mundanismo” e o afastamento ou eliminação do “mundano” do seio da comunidade onde atua.

Desta forma, os “modernos”, os “vaidosos”, os que se opõem às suas crenças, os que cometem “erros” na interpretação da Bíblia, os que têm opiniões divergentes às da sua igreja, os que não aceitam seus valores são igualmente vítimas de suas afiadas garras. Assim que pegos em seus erros, elas são delatadas aos superiores, estando sujeitas à suspensão temporária de suas atividades (seis meses de banco, por exemplo), ou mesmo o afastamento ou exclusão total de todos os serviços e celebrações.

Em geral, os seus principais alvos são as mulheres, quase sempre tidas como vaidosas e mundanas. Por isso, impõe-lhes duras cargas e proibições. E, geralmente, são homens os autores dessas regras. O que se explica pelo fato de que muitos deles, por não conseguirem controlar seus apetites carnais, optam por sobrecarregar a mulher com fardos deveras pesados. Assim, para muitos deles é mais fácil impor um padrão de vestes à mulher do que controlar seus desejos latentes. Creem que quanto menos sobressair à beleza feminina, menos custoso será dominar sua apetite carnal. É o que acontece, por exemplo, entre os muçulmanos, em que as mulheres são obrigadas a se esconderem dentro das vestes, para não mostrarem suas “formas”.

Mas não existem apenas “caçadores”. Há também uma infinidade de caçadoras de pecados. Muitas delas, por não se enquadrarem num determinado padrão de beleza, procuram afugentar-se do belo. Quanto menos formosas aparentarem ser, mais santas aparentam ser. É o que acontece, por exemplo, entre alguns grupos de judeus ultra ortodoxos, nos quais as mulheres raspam a cabeça por acreditarem que seus longos cabelos são vaidade.

A Palavra de Deus afirma que o Espírito Santo é quem nos convence de nossos pecados: “E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo” (Jo 16.16). Quando é Ele quem convence, há verdadeiro arrependimento; quando é do homem esta incumbência, o arrependimento é máscara, é puro disfarce e hipocrisia.

Fonte: Belvedere

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