quarta-feira, 29 de abril de 2015

Autores de Babilônia usam “vilã evangélica” para rotular segmento como homofóbico


A novela Babilônia, que patina em audiência e sofre para conquistar o público antes considerado cativo da Globo, mais uma vez tratou os evangélicos de forma caricata e usou a polêmica personagem Consuelo, interpretada por Arlete Salles, para expressar preconceito.
Em um dos capítulos, Consuelo comenta a decisão de casar que as duas lésbicas octogenárias da novela tomaram: “Elas vão virar churrasquinho de sapatão no quinto dos infernos”, disse a personagem.
O fato é que Consuelo é vista pelo público como uma espécie de “vilã evangélica”, e a apresentação feita pelo trio de autores de Babilônia tende a moldar uma imagem de que, de modo geral, os evangélicos pensam e agem de forma igual.
Em outro episódio, Consuelo, que é mãe do prefeito corrupto Aderbal, referiu-se a Teresa, uma das idosas lésbicas, como “sapa safada”.
“Os três autores principais de Babilônia, Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga, que são homossexuais declarados, fazem da personagem [Consuelo] a própria encarnação da homofobia. Ao mesmo tempo, a usam para criticar o crescimento da influência da religião na sociedade. Evangélicos têm se manifestado em blogs gospel e nas redes sociais contra o que seria um preconceito da trama com os cristãos que desaprovam o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo”, escreveu o jornalista Jeff Benício, do portal Terra.
Por outro lado, a insistência dos autores em retaliar o boicote feito por evangélicos à novela tem rendido prejuízos à emissora, que perdeu 20% de sua audiência no horário, envolvendo até o Jornal Nacional no fracasso.
Enquanto isso, a TV Record teve um crescimento de “83% nas principais regiões metropolitanas do Brasil”, segundo informações do jornalista Vitor Moreno, da Folha de S. Paulo.

Rejeição

O ator Chay Suede, que interpreta o ateu Rafael (interesse romântico da personagem Laís, neta de Consuelo) reconheceu que existe uma certa rejeição do público à novela, e afirmou que isso acontece porque ela não representa a sociedade como um todo: “É um contexto que não é o da maioria dos brasileiros”.
De acordo com Suede, o público demonstra ter opinião própria a respeito dos assuntos que são apresentados na TV, e rejeita rótulos: “Intolerância é algo que não deve estar ligado à religião. Respeito é essencial. Se a gente está vivendo hoje essa rejeição [à novela], tem a ver com uma surpresa, algo que o público não esperava. E surpresas são transformadoras. Acho bom que as pessoas tenham opinião, não necessariamente igual à minha ou à dos autores”, disse à colunaOutro Canal, da Folha.

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